MINUTO DE ECONOMIA

EVERGRANDE NÃO É LEHMAN BROTHERS, MAS PREOCUPA….
A situação da Evergrande não deverá contaminar o sistema financeiro global, como ocorreu em 2008 com a quebra do Banco Lehman Brothers, nos EUA. Entretanto, a situação pode significar um crescimento menor da segunda maior economia do mundo e do maior parceiro comercial do Brasil.
O risco imediato de um calote da Evergrande diminuiu e trouxe melhora aos mercados internacionais. A empresa disse que fará um pagamento de 232 milhões de yuans (US$ 35,9 milhões) da dívida denominada em yuans com vencimento hoje. Embora não tenha declarado se vai pagar US$ 83,53 milhões em juros sobre um título em dólar com vencimento no mesmo dia, há um período de carência de 30 dias caso esse prazo não seja cumprido.
Apesar do alívio momentâneo, o tema deve continuar a ser uma das principais preocupações nas próximas semanas. O Grupo Evergrande deve cerca de US$ 300 bi, quase a mesma quantidade do que o Brasil possui em reservas cambiais (US$ 338 bi). O temor é de que um calote da Evergrande possa desestabilizar o sistema financeiro chinês.
Entretanto, a crise da Evergrande indica que os desafios que ficaram em segundo plano durante a pandemia não estão resolvidos. Os instintos de sobrevivência do mercado estão aguçados. Se antes da pandemia, um surto de doença como a Covid 19 ou um sinal de alerta de uma empresa não significasse preocupações imediatas, agora, ao menor sinal de fumaça, o mercado já antevê um grande incêndio.
A Evergrande teve forte crescimento no início deste século baseado em investimentos a juros baixos e forte grau de alavancagem. Entretanto, a adoção no início da política chamada de “Três Linhas Vermelhas” atingiu a empresa outras endividadas do setor imobiliário. Lideranças chinesas entoam o discurso de que “casas são construídas para viver, não para especular”.
De um modo geral, as “Três Linhas Vermelhas” determinam: máximo de 70% de passivos em relação aos ativos; dívida líquida limitada a 100% do patrimônio líquido; liquidez superior às obrigações de curto prazo.
SELIC FOI PARA 6,25% E DEVE ATINGIR 8,25% EM DEZEMBRO.
O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou em 1 p.p. a taxa básica de juros. Que passou de 5,25% para 6,25% ao ano. Além disso, anunciou novo aumento de 1.p.p. na próxima reunião, a ser realizada em 27/10.
A expectativa do Boletim Focus e da GO Associados é de que a Selic termine o ano em 8,25%. Haveria, portanto, outros dois aumentos de 1 p.p. nas reuniões restantes, que ocorrem em 27/10 e 8/12.
A inflação acumulada em 12 meses em setembro deve superar os dois dígitos com o impacto do reajuste da bandeira de escassez hídrica que passou de R$ 9,49 para R$14,20.
As atenções começam a se voltar para 2022. O Boletim Focus indica IPCA de 4,1% para o próximo ano, acima do centro da meta de 3,50%. A projeção da GO Associados para o IPCA de 2022 é de 4,5% contra um teto de 5%.
O processo de alta de juros deve continuar em 2022. A expectativa é de um aumento residual na primeira reunião de 2022, com a taxa básica passando de 8,25% para 8,5%.
Metas de inflação e expectativas para IPCA e taxa Selic

Para setor agro, as taxas de juros do Plano Safra são reflexos do comportamento da taxa Selic. Em 2020, os juros do Pronaf eram 2,75% a 4% a.a. Neste ano, estão entre 3% e 4,5%. O aumento da taxa Selic pode prejudicar agricultores afetados com a seca e as geadas, dificultando o acesso ao crédito rural.
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