MINUTO DE ECONOMIA
Frustração com o PIB reflete problemas de demanda e oferta: economia deve crescer menos de 5% em 2021…
A queda do PIB no 2º trimestre de 2021 de -0,1% em relação ao 1º trimestre de 2021 veio pior do que a projeção da GO Associados, 0,3% e do mercado, de 0,2%.
O resultado foi puxado pelo desempenho do agronegócio, apresentando uma maior queda, (-2,8%) e da indústria (-0,2%).
O resultado da agricultura pode ser explicado por problemas com geadas e escassez hídrica que afetam as principais culturas, como café, milho e cana-de-açúcar.
No caso da indústria, o resultado pode ser explicado pela falta e pelo aumento do custo de matéria-prima que tem afetado o setor.
O desemprenho ruim do 2º tri. abre a possibilidade de que o país entre em recessão técnica, quando o PIB recua por dois trimestres seguidos. O cenário do 3º trimestre é desafiador, com a crise hídrica sendo um risco tanto para a agricultura quanto para a indústria através do aumento do custo da energia.
O setor de serviços (0,7%) apresentou resultado positivo, entretanto, é o único setor que ainda está em processo de recuperação. O resultado do 2º tri/21 foi 0,9% menor do que o do 4º tri/19.
A taxa de investimento foi de 18,2% do PIB, abaixo do trimestre anterior (19,4%). A taxa de poupança foi de 20,6%.
Apesar da queda, mesmo se os próximos dois trimestres do ano forem de crescimento zero, o carregamento estatístico fará com que o PIB de 2021 ainda seja próximo 5%.
A GO Associados revisou de 5,5% para 4,9% a projeção de crescimento do PIB em 2021 com base nos novos resultados.
Com o resultado, a economia permanece próxima ao patamar pré-pandemia. Mas cerca de 3% abaixo do maior valor da série iniciada em 1995, que ocorreu no primeiro trimestre de 2014.
Nestes sete anos entre o pico do PIB e a divulgação de hoje enquanto a Agropecuária cresceu 18,3%, a Indústria caiu 10,1%. O setor de serviços, por sua vez, caiu 1,8%.
O avanço da vacinação traz a expectativa de melhora para o setor de comércio, e principalmente, serviços. Entretanto, outros problemas novos e antigos prejudicam uma retomada mais rápida da economia.
Há cinco fatores de atenção:
O setor agropecuário, que foi pouco afetado pela pandemia, agora sofre com os problemas climáticos, como a crise hídrica e as geadas que prejudicaram as principais culturas.
A situação de escassez de chuvas obriga a utilização da bandeira vermelha nível II e agora a taxa de escassez hídrica e não exclui um cenário mais crítico de crise hídrica e com reflexo sobre a inflação.
Diferente de 2020, em 2021 a pressão da inflação é um sinal de alerta, retirando a margem de política monetária expansionista promovida em 2020. O boletim Focus indica que o mercado projeta a inflação acima do teto da meta (7,27%).
A situação fiscal preocupa com um rombo previsto de R$ 247 bilhões em 2021 e sem cenários de reformas estruturais.
A instabilidade política também é um ponto de atenção. O confronto entre os poderes da República alimenta incertezas e tem impactos negativos no câmbio, afastando os investidores.
Comments