MINUTO DE ECONOMIA

Governo é lento em tomar decisões, e custo da crise hídrica a consumidores está aumentando…
A crise hídrica, através das bandeiras de energia, tem sido uma das principais vilãs da inflação. A energia elétrica foi o item de maior impacto no IPCA-15 divulgado hoje, responsável por 0,23 p.p. da variação de 0,89% no mês de agosto.
Segundo o IPCA, a energia elétrica aumentou 9,41% no acumulado de 2021. Nos últimos 12 meses a alta é ainda maior, de 20,1%.
A atual crise hídrica é pior que as duas crises anteriores se considerarmos a relação entre energia reservada e carga demandada, como mostra o gráfico.
Carga de energia hidrelétrica, controlada pela demanda, tem situação mais crítica do que em 2001

A situação é crítica, mas há dois fatores atenuantes:
Há uma maior integração entre os subsistemas. Assim, possíveis sobras de energia, na região Nordeste por exemplo, podem atender a demanda da região Sudeste.
A matriz energética brasileira é menos dependente da geração hidrelétrica (89,6% em 2001 x 69,9% em 2021). Tanto a energia térmica (6% x 17,4%), quanto a eólica (0% x 9,2%) ganharam importância nas últimas duas décadas.
A reação do governo tem sido lenta. Nesta semana foi anunciado um plano destinado a grandes consumidores que prevê a redução da demanda em horários de pico, reduzindo riscos de apagões.
A edição desta medida demorou. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico foi criado em 28/06, mas precisaria ser mais atuante. No mínimo, é preciso alertar a sociedade para a necessidade de planos contingentes.
O equacionamento entre demanda e oferta está ocorrendo principalmente via preço, com o acionamento de termoelétricas com custos maiores. A mudança nas bandeiras entre abril e julho contribuiu em 1,46 p.p. na inflação do ano.

Este forte ajuste nas bandeiras não foi suficiente para cobrir os custos do acionamento das termelétricas. Segundo a ANEEL, a conta de luz pode subir de 10,73% a 16,68% em 2022.
Isto tem forte impacto na inflação. Mesmo o cenário mais otimista da ANEEL representa uma elevação de 1,77 p.p. no IPCA de 2022.
Outra possibilidade levantada é a de novo reajuste na bandeira vermelha II, que passaria dos atuais R$ 9,49/100kWh para algo entre R$ 15 e R$ 20. Uma bandeira vermelha II em R$ 15 a cada 100 kWh representaria uma pressão adicional de 0,56 p.p. na inflação.
Por fim, a crise hídrica também teve fortes impactos na agricultura. A Conab projeta diminuição de 15,53% na safra de milho 2020/21 causadas pela crise hídrica e pelas geadas que ocorreram nestes últimos meses.
Crise hídrica impacta a agricultura também (Milho):

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