MINUTO DE ECONOMIA
Crise hídrica faz inflação em 12 meses chegar a quase 9%; Pacote de estímulo nos EUA aponta para pressão inflacionária no mundo...
No acumulado de 12 meses até julho, o IPCA variou 8,99%, acima do teto da meta para 2021 (5,25%). O IPCA de julho registrou alta de 0,96%, um pouco acima da expectativa do mercado (0,93%) e baixo da projeção da GO Associados.
A inflação acumulada em 2021 até julho foi de 4,76%, acima do centro da meta estabelecida para o ano todo (3,75%).
O grupo habitação foi responsável pela maior alta (3,10%). O preço da energia elétrica subiu 7,95%, acelerando em relação ao mês anterior (5,95%).
Desde maio, os reajustes na bandeira tarifária têm tido grande impacto na inflação. Para o mês de agosto, apesar da expectativa de novo reajuste na bandeira vermelha 2, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) manteve em R$ 9,49 a cada 100kWh.
Ainda no setor de habitação, o gás de cozinha (4,17%) e o gás encanado (0,48%) também contribuíram para o resultado da inflação.
A manutenção da bandeira tarifária no mesmo patamar em agosto deve atenuar os efeitos da crise hídrica na inflação desse mês. Por outro lado, alguns fatores podem ter papel central na inflação dos próximos meses:
o avanço da vacinação, que deve incentivar a retomada dos serviços;
a instabilidade política, que pode pressionar o câmbio; e
As geadas e o frio extremo em regiões produtoras de alimentos, somadas com a crise hídrica podem prejudicar a produção e pressionar os preços. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) lançou hoje o 11º levantamento de grãos da safra 2020/2021. A projeção do volume de produção de grãos é de 254 milhões de toneladas, uma redução de 6,8 milhões de toneladas com relação ao levantamento de julho e de 3 milhões comparado a safra de 2019/2020.
Algumas coisas que caíram durante a pandemia estão aumentando de preço com o avanço da vacinação. Um exemplo neste sentido são as passagens aéreas que subiram 35,22% em julho contra junho.
Na contramão das altas estão alguns alimentos importantes para os brasileiros, como a cebola (-13,51%), a batata-inglesa (-12,03%) e o arroz (-2,35%).
Ata do Copom indica que deverá haver outro reajuste de 1 p.p. na próxima reunião...
A ata publicada hoje alertou para o crescimento do risco de inflação nos EUA, no cenário externo. A propósito, o Senado dos EUA aprovou hoje um pacote de US$ 1 trilhão para estímulo à infraestrutura, reforçando expectativas de pressão sobre a inflação daquele país.
No Brasil, o destaque é a inflação, com especial atenção para os preços de serviços, que seguem acelerando.
Para a próxima reunião, em 21 de setembro, o reajuste deverá ser de mais 1 p.p. e as altas devem continuar ininterruptamente até que a Selic atinja um patamar “acima do neutro”, um patamar a partir do qual a inflação seja desestimulada.
O cenário tomado como base para a decisão (IPCA em 6,5% em 2021 e 3,5% em 2022, com Selic em 7% em 2021 e em 2022) se tornou cada vez menos provável.
A GO Associados revisou para 7,5% a projeção da taxa Selic para 2021 e 8,5% em 2022. Com relação ao IPCA, a expectativa é de 7,0% em 2021 e de 4,5% em 2022.
Um dos principais pontos de atenção destacados pelo Copom é o risco fiscal, que cresceu nas últimas semanas com as propostas do governo de parcelamento dos precatórios e possíveis contornos ao teto de gastos. A proximidade de um ano eleitoral indica que a instabilidade pode ser ainda maior.
Tal risco é acentuado pelas crescentes tensões políticas. A instabilidade entre os Poderes, por exemplo, interrompe a valorização do Real diante do Dólar, apesar do aumento no diferencial de taxa de juros causado.
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