MINUTO DE ECONOMIA
Nos EUA, apesar de avanço da variante Delta, a redução da compra de ativos deve começar a ser discutida nas próximas reuniões do FOMC…
O Comitê de política monetária dos EUA (FOMC) decidiu por unanimidade em sua reunião de hoje manter a taxa de juros em 0% e o ritmo de compras de ativos em US$120 bilhões por mês.
A novidade do comunicado de hoje em relação aos anteriores foi uma consideração a respeito do programa de compra de ativos.
O FOMC avalia que o programa já resultou em substancial progresso em direção do máximo emprego, mas ainda não o suficiente. Novos avanços serão discutidos nas próximas reuniões.
A decisão do Comitê em sinalizar o início das discussões sobre a redução dos estímulos monetários nos próximos encontros reflete um dilema que atravessa a economia americana.
Por um lado, a forte inflação dos últimos meses sugere a antecipação das altas de juros e redução das compras de ativos.
Por outro, o avanço recente da variante Delta ameaça a recuperação econômica, renovando a necessidade de estímulos monetários para a retomada do pleno emprego.
Recentemente houve uma piora dos números da pandemia no País. A disseminação da variante Delta e a resistência de boa parte da população americana em se vacinar possibilitaram a retomada nos números de casos, hospitalizações e mortes por Covid-19.
Em resposta, diversos Estados elevaram as restrições. Ontem, o Centro de Controle de Doenças dos EUA voltou a recomendar o uso de máscara, mesmo entre os vacinados, em ambientes fechados.
Diante da iminência de uma 3ª onda de contaminações e de persistentes dificuldades de restabelecimento pleno das cadeias produtivas, as perspectivas de recuperação econômica nos EUA pioraram.
O FOMC tem sinalizado que tolerará uma inflação mais alta no curto prazo, mantendo os estímulos monetários até que a taxa de desemprego, hoje em 5,9%, retorne ao nível pré-pandemia (entre 3,5% e 4%).
Porém, a pressão inflacionária preocupa. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho indicou inflação acumulada de 5,3% nos últimos 12 meses, bem acima das expectativas (4,9%).
O índice de Despesas Pessoais do Consumidor (PCE), principal referência de inflação para o FOMC registra alta de 3,91% até maio, praticamente o dobro da meta de 2%.
De acordo com a pesquisa levantada pelo Fed de Nova Iorque em junho (anterior à última divulgação do CPI), a mediana das expectativas para o PCE em 2021 se encontrava em 3,55%.
Em relação ao longo prazo, o Quadro b) ilustra a inflação esperada para os próximos 5 anos implícita nos títulos públicos atrelados ao CPI. Note-se que, até o final de maio, as expectativas vinham em processo de alta, atingindo um patamar de 2,7%, recorde em mais de 6 anos.
Houve uma pequena queda em meados de junho, com a expectativa de uma antecipação da normalização monetária. Nas últimas semanas, com a perda de força do cenário de antecipação, as expectativas de inflação voltaram a subir ao patamar de 2,6%.
Trajetórias recentes da inflação americana
Para manter as expectativas de inflação alinhadas com a meta, o FOMC precisa sinalizar maior precaução com a alta dos preços, que pode não ser tão transitória quanto pensado inicialmente.
Para o Brasil, juros americanos mais baixos (hoje nulos) implicam menor pressão sobre a taxa de câmbio. Uma reversão desse cenário fará o Real se desvalorizar perante o Dólar
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