MINUTO DE ECONOMIA
A nova inflação da pós-pandemia: bandeira vermelha 2 ficou mais vermelha…
O perfil da inflação no pós-pandemia está mudando: os preços das commodities agrícolas e combustíveis pressionam menos comparativamente à subida dos itens relacionados a serviços que começam a voltar ao nível pré-pandemia.
Comparativamente aos produtos agrícolas, os mercados de serviços são caracterizados pela forte resistência à queda dos preços, apresentando inércia inflacionária.
O IPCA-15 subiu 0,72% em julho, em linha com a projeção da GO Associados (0,75%) e acima do mercado (0,64%). A variação é a maior para um mês de julho desde 2004.
Houve aceleração no acumulado de 12 meses, para 8,59%, mais de 2 p.p. acima do teto da meta de 2021 (5,25%). No acumulado até julho de 2021 (4,88%), a inflação ultrapassa o centro da meta para o ano (3,75%).
A GO Associados projeta que o IPCA deve fechar 2021 em 6,7%, acima do teto da meta inflacionária (5,25%).
A bandeira vermelha 2 na conta de luz foi o principal motivo da alta do índice em julho. A bandeira vermelha 1 que vigorou até maio acrescentava R$ 4,169 que estava em vigor em junho na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos; a partir de junho passou a vigorar a bandeira vermelha 2 com cobrança adicional de R$6,24 a cada 100 quilowatts-hora e para julho a bandeira vermelha 2 foi mantida e reajustada para R$9,49 a cada 100 quilowatts-hora.
Outro destaque do grupo habitação (2,14%) foi o botijão de gás (3,49%).
O item transportes (1,07%) também a contribuiu para a alta da inflação, tendo destaque a alta de passagens aéreas, (35,64%).
Na contramão da tendência geral de alta, os planos de saúde registraram deflação de 1,36% no mês, refletindo decisão da ANS refletindo decisão da 553ª Reunião da Diretoria Colegiada, em que foi aprovado por unanimidade o reajuste anual dos planos de saúde individuais/familiares em -8,19% para o biênio de 2021/22.
IPCA 15 variação mensal – junho e julho (%)
As expectativas inflacionárias para 2021 do boletim Focus estão acima do centro da meta (3,75%), e do teto do intervalo (5,25%). Caso o resultado da inflação em dezembro supere o teto da meta, o presidente do Banco Central deverá fazer uma carta endereçada ao Congresso Nacional esclarecendo os motivos de não cumprir a meta.
O que vai mexer com as expectativas na próxima semana…
No cenário doméstico:
No plano político, o destaque é a formalização da minirreforma ministerial que desmembrará o Ministério da Economia, criando o Ministério da Previdência e Trabalho.
O principal destaque econômico da próxima semana será a divulgação de dados referentes ao mercado de trabalho. Na quarta (28) serão divulgados os números do Caged referentes a junho. Na sexta será divulgada a taxa de desemprego medida para o trimestre móvel encerrado em maio. A projeção da GO Associados é de 14,5%, queda em relação ao recorde da série histórica de 14,7%.
Na quinta, dia 29, será divulgado o IGP-M de julho. Os últimos meses vem mostrando desaceleração do indicador. Em junho a variação foi de 0,6% e a segunda prévia de julho foi de 0,72%.
Devem ser votados no Tribunal de Contas da União (TCU) o acórdão para liberar tanto a nova concessão da Rodovia Presidente Dutra (BR-116) quanto a da BR-381/262 (MG/ES). O investimento previsto para estes dois projetos somados é superior a R$ 22 bilhões.
Necessária atenção para o clima na região Centro-Sul do país. As previsões indicam forte queda na temperatura com grande probabilidade de geadas, o que pode prejudicar a produção agrícola.
No cenário internacional:
No cenário internacional o destaque será a reunião do FOMC na quarta (28). A principal preocupação do mercado é sobre uma possível mudança de postura frente a recente aceleração da inflação nos EUA.
Na quinta os EUA divulgam o PIB do 2º trimestre. Na sexta será a vez de alguns dos principais países europeus como Alemanha, França e Itália.
Na sexta, haverá a divulgação do índice de Preços dos Gastos de Consumo Pessoal (PCE) de junho para o EUA. Este índice é a principal medida de inflação monitorada pelo FED que acumula alta de 3,9% em 12 meses até maio, quase o dobro da meta de 2% ao ano.
Por fim, a China divulga os números de Índice de Compras dos Gerentes (PMI) para o mês de julho também na sexta.
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