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MINUTO DE ECONOMIA


Governo edita Medida Provisória que cria comitê para gestão da crise hídrica. Chance de racionamento continua pequena…


O Ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque anunciou em rede nacional a edição da MP 1.055/21, que cria a Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (CREG), composta pelos ministérios de Minas e Energia, Economia, Infraestrutura, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional. A CREG tem por objetivo definir diretrizes para o enfrentamento da escassez hídrica, com duração prevista até 30 de dezembro de 2021. Porém, para que isso se concretize, é preciso que a MP seja aprovada no Congresso Nacional até 120 dias após sua edição. A MP não detalha como será o enfrentamento da crise e não menciona a hipótese de racionamento. A probabilidade de racionamento é pequena, mas não pode ser descartada.


O Quadro 1 traz a Energia Armazenada por subsistema Sistema Interligado Nacional (SIN). Tal medida reflete o nível de energia produzível pelo volume hídrico armazenado nos reservatórios.


Quadro 1 Energia Armazenada (MWmed) – por subsistema do SIN



Há uma significativa heterogeneidade regional. Em decorrência do fenômeno La Niña, a situação atual no subsistema Sudeste/Centro-Oeste (58% da demanda nacional) é comparável ao ano de 2001, quando houve o “apagão”. Apesar do nível dos reservatórios do SE/CO estar muito baixo, dois fatores principais indicam que o risco de um racionamento é menor se comparado ao de 2001:


O Brasil hoje tem uma matriz muito menos dependente de energia hidrelétrica. Em 2001 essa dependência era de 89,6%, contra 69,9% na atualidade. As fontes eólica e térmica ganharam importância.


Matriz energética brasileira: 2021 v.s. 2001

O acionamento de usinas térmicas tende a ocorrer de maneira similar a 2014, o que poupará a energia acumulada nos reservatórios, que devem chegar a novembro em um nível seguro ao funcionamento do Sistema Integrado Nacional. Com o acionamento das térmicas a expectativa é de um aumento significativo nas tarifas de energia. O item “energia elétrica residencial” representa o segundo maior peso no IPCA (4,24%). A alta acumulada de 11,63% nos últimos 12 meses contribui para que o IPCA (8,06% em 12 meses) continue superando o teto da meta para 2021 (5,25%).


O aumento na conta de luz pode ter um impacto importante na inflação. A Aneel anunciou hoje reajuste da bandeira vermelha II de R$ 6,24 para R$ 9,49 em julho. Além disso, decidiu também que irá fazer um novo reajuste nas bandeiras, a valer a partir de agosto, em que deverá aumentar os valores das sobretaxas mais uma vez.


Caso a bandeira vermelha II seja reajustada para R$ 11 (o que pode acontecer em agosto), esta alteração terá impacto de cerca de 0.30 p.p. no IPCA, segundo cálculos da GO Associados. Para além do aumento direto de custos para consumidores e produtores, a crise hídrica ameaça a recuperação econômica principalmente em relação ao gás, que será demandado para o abastecimento de parte das termoelétricas e deve aumentar de preço.


Queda do dólar faz IGP-M desacelerar em junho, mas folga deve ser momentânea…


O IGP-M registrou alta de 0,6% em junho, abaixo do esperado pelo mercado (1,01%) e pela GO Associados (1,00%). É a menor variação mensal desde maio de 2020. Apesar desta desaceleração no mês, o acumulado em 12 meses ainda é de 35,75%, bem acima dos 8,06% registrados pelo IPCA.


O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) pode ser considerado o principal responsável por essa desaceleração do índice, variando apenas 0,42% em junho, contra 5,23% em maio. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), por sua vez se manteve no patamar de maio: 0,57% contra 0,61% naquele mês. A queda no preço das commodities que são negociadas em dólar contribuiu decisivamente para esse resultado. O período de coleta do IGP-M se iniciou em 20 de maio com um dólar a R$5,28; hoje a moeda é cotada abaixo dos R$5,00, um fato raro desde o início da pandemia. O minério de ferro variou de uma alta de 20,64% em maio para uma queda de 3,04% em junho, movimento semelhante ao da soja em grão: de 3,74% para -4,71% no mesmo período.


Todavia, o movimento de queda das matérias primas agrícolas deve se reverter nas próximas semanas com a seca histórica nos EUA e onda de frio no Brasil.

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